sábado, 12 de outubro de 2013

Canção Amiga

Canção Amiga (Música de Milton Nascimento) Eu preparo uma canção em que minha mãe se reconheça todas as mães se reconheçam e que fale como dois olhos Caminho por uma rua que passa em muitos países se não me veem eu vejo e saúdo velhos amigos Eu distribuo um segredo como quem ama ou sorri No jeito mais natural dois carinhos se procuram Minha vida nossa vidas formam um só diamante Aprendi novas palavras e tornei outras mais belas Eu preparo uma canção que faça acordar os homens e adormecer as crianças. >Carlos Drummond de Andrade<

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

AMOR COMO NÓS

só louco
amar como nós amamos

CIDADEMCHAMAS

Estamos hospedando neste final de semana a partir de hoje: a voz de Gisele de Souza, sexta-hoje e sábado-amanhã no Feira de Quintal 20h, junto com o baixo de Zezinho professor de Raimundinho, Cabralzinho na guitarra e o baterista faiô o memoriol, aquele remédio do marido véin de Rosa...

Tiago Moska toca todo o fim de semana no Alecrim, próximo ao Eco, com direito a Jardas Macalé "Mal Secreto" Gal FA-TAL  Y OTRAS pérolas brasilianas... bom todo...

Geraldinho Pessoa, cantor, compositor brejeiro-neo/barroco-telúrico, clarinetista, violão dedilhado saxofonado - que vai abrir o show de Gilberto Gil (!!!) no Canto da Primavera - is looking for a job to his wife, as Nutricionista. Ela vindo, ele deslancha geral. Um fera com sua bela vale por mil, a torre dele, seu zen, seu mel. Ela virá. Elas virão... Eles verão no verão...

Então, Gisele de Souza vai cantar com sua banda também no Espaço Cultural Bangkok, principal do Bonfim, antiga Casa de Pedra, hora do almoço, produção deste que vos lança a palavra. A pá lavrará fará tudo de novo... Sente o drama: jazz, bossa-nova e samba... Qualquer plágio lábio no sebo de Rosa Passos já serviria. A canja no lo sé... Finalizando a noite, craro, cá no nosso esconderijo espaço cultural LIVROSSA...

Ó, estamos gravando seleções em MP3 de alto nível, o MELHOR DOS MELHORES, 11.000 músicas e, por enquanto, 1.250 preferidas. Destas, retiramos 170 e o indivíduo vai melhorar o plano astral, i. e., vai refinar o ar musical aqui do Baixo Paraíso, uma cidade perdida no eldorado e não fica em Bali, nem em San Francisco, nem em Curitiba. É aqui que é aqui... diria Vicente Sá, João Bahiano, Gadelha Neto e Sérgio Duboc.

O melhor de ensaios, crônicas e poemas dos últimos 365 dias está aqui à venda, também online. "Música Muda", arte, poliética, espiritualidade, é o ouro filosofal em forma de livro, o "ouro da Babi" diria meu cumpadi-amigo-irmão Ramundão, alo alo tagua... Fui...

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

filhos pais

os filhos
são os pais da humanidade

CULTURA DE CLASSE


pós-depois

depois após o fim do fim
do imundo
sujaram as ruas como as suas casas

então vieram tocar
céu gisele de souza geraldo pessoa
betto dourah erasmo dibel fred brasiliense humberto

poemas de amâncio para amansar as feras
habitáveis em qualquer peito amante

dos ossos de brasília
uma ilha cercada
de goyazes

aqui nu goiás
uma ilha cercada de brasília
por todos os lados

qual é o lado do lado lado a lado?
qual lago?



um deddo de eus

um dedo de deus
dois dedos de deus e um adeus

de eus e egos
o ego é cego
nada é seu

e sou teu
me sinto só
com a lua com o sol


desde que o samba

a tristeza é sonho
sonora senhora
das aspas

o samba ainda não chegou
o samba é a mãe das artes
e das manhas em geral

Alô, alô, são torquato quaresma?


EUAMORELA

Eu amo ela
Amo a também

Vamos cuidar bem de alguém?

espacial

um inseto pode
explodir o mundo

um inseto pode
salvar o mundo
num segundo


unir para dividir

unir para dividir
dividir para unir

MANÁ

Maná
(A Manassés e Eduardo Leal)

Perdoo-me por Manassés
menti sem querer

Talvez excesso de verdade
 quem sabe por amor à arte
quiçá por amor

Noite de sol
frente à Pousada da Geni

Pirilampos pirilavam em Piri...

LCS


quarta-feira, 9 de outubro de 2013

AGNI- O FOGO SAGRADO - 4



AGNI - O FOGO SAGRADO - 4 

PROF. HENRIQUE JOSÉ DE SOUZA  
                                                                              
As salamandras que vivem nas chamas, são elementais superiores aos gnomos, ondinas e sílfides, porque estas  últimas vivem no âmbito terrestre, enquanto que as primeiras possuem consciência superior. No Templo de Delfos, uma salamandra se punha em comunicação com os Iniciados. Porfírio, discípulo de Plotino, que  conhecia bastante o Oculto, revelou aos homens a seguinte prece da Salamandra, que não é propriamente a ela dirigida, mas ao próprio Fogo Criador, mesmo porque os elementais ou Espíritos da Natureza não conhecem outra linguagem senão a que lhes é própria:
                                   
   "Ó imortal, Eterno, Inefável e
                                   Sagrado Pai de todas as coisas,
                                   conduzido no carro que desliza
                                  sem cessar pelos mundos, que dão
                                 sempiternas voltas. Dominador dos
                                   etéreos campos, onde se assenta
                                o trono do Teu poder, de cujo vértice
                                     Teus poderosos olhos tudo
                                 vêem, e Teus formosos ouvidos tudo
                                     ouvem. Escuta a prece de
                                Teus filhos, aos quais amaste desde o
                                   começo dos séculos. Tua eterna
                                majestade resplandece sobre o mundo,
                                     e sobre o céu das estrelas.
                               Estás acima de tudo, ó fogo faiscante,
                             que por si mesmo se estende e alimenta.
                                Por seu próprio esplendor, saem de Tua
                                 essência inesgotáveis fontes de luz,
                               que se difundem de Teu Espírito Infinito.
                                  Esse Espírito é o Criador de tudo.
                    Ó Pai Universal, criaste Tua essência adorável.
                       É dever nosso louvar e adotar a Tua sublime
                     vontade, com ardente ânsia de possuir-te,
                                      ó Pai, ó mais Terna das
                   Mães, exemplo admirável da ternura materna.
                                   Ó Filho, Flor de Todos os Filhos.
                        Ó forma de todas as formas. Alma, Espírito,
                        Harmonia e Nome de tudo quanto existe.
                                        Nós Te adoramos".

                Se alguma prece possui valor, esta ao menos encerra em si, os grandes mistérios da Vida Universal, da Fonte de Energia, que a tudo e a todos banha. Ao ouvi-la, parece, com efeito, que se acende em nós o Fogo oculto, que nos  aproxima da Divindade, como verdadeira Usina que é, de Força, Luz e Calor, para não dizer, de Vontade, Sabedoria e Atividade.
                É ainda, do mesmo Porfírio: "Existe na Divindade uma insondável profundeza ardente. O coração humano jamais deverá temer o contato desse Fogo adorável, porquanto não será por Ele destruído."
                Ele é o doce Fogo, cujo feliz e tranquilo calor determina o encadeamento das causas, a Harmonia e vital continuidade  do mundo. Nada existe que não seja por Ele alimentado pois é Ele a própria Essência Divina. Ninguém o gerou. É sem Pai nem Mãe... nem causa alguma. Mas, tudo sabe e Nada lhe pode ser ensinado. É imutável nos seus desígnios e seu Nome é inefável. Eis aqui o que é Deus. Nós, míseros mensageiros seus, nada mais somos do que uma     partícula Sua.
                A antiguidade sábia, por sua vez, já nos ensinava: do mesmo modo que um fogo violento queima até as árvores verdes, o homem que estuda compreende os livros santos, apaga, em si, toda mácula nascida do pecado. E aquele que conhece perfeitamente o sentido de Veda-Shastra - os ensinamentos da Lei, qualquer que seja sua condição,  prepara-se, durante o seu estudo neste mundo, para a identificação com BRAHMÃ (liberação). Os que muito     estudaram, valem mais do que os que pouco leram. Os que possuem tudo quanto leram, são preferíveis aos que leram e logo esqueceram. Os que compreenderam, possuem mais mérito do que aqueles que sabem simplesmente o que decoraram. Os que cumprem com o dever, uma vez este conhecido, são preferíveis aos que simplesmente o conhecem, mas não o praticam. O conhecimento da Alma Suprema e a devoção para com Ela, são os melhores métodos para se chegar à Felicidade Suprema da liberação. Com a devoção, resgata as suas faltas; com o     Conhecimento de Brahmã, consegue a Imortalidade. Aquele que procura adquirir conhecimento efetivo de seus  deveres, possui três categorias de provas: a evidência intuitiva, o raciocínio discursivo e a autoridade dos diferentes livros deduzidos das Santas Escrituras.
                Ainda mais: o discípulo concentrando a atenção em tudo isso, alcança o "perceber" a Alma Divina em todas as coisas,  visíveis e invisiveis. Pois, considerando a Alma Divina em tudo, e reciprocamente, tudo na Alma Divina, não entrega o espírito à iniquidade. A Alma Suprema, é, com efeito, a SÍNTESE de todos os deuses e aquilo que pulsa no íntimo de     quantos atos realizaram todos os seres animados. Que o discípulo contemple, em suas meditações, o éter sutil que  inunda todas as cavidades de seu coração; o ar que atua em seus músculos e nervos, a Suprema Luz do Sol e do Fogo, em seu calor digestivo e em seus órgãos visuais; a Água, nos fluídos de seu corpo; a Terra, em todo seu corpo. Veja, também, a Lua (Indu) em seu coração; os Gênios das 8 regiões do Espaço, no órgão de seu ouvido; Hara, em     sua força muscular, Agni, em sua palavra, Mitra em sua faculdade excretória, Pradjápati, em seu poder gerador.  Acima de tudo, porém, deve representar ao Grande Ser (Para-Purusha) como o Soberano Animador do Universo.  Mais sutil do que o Átomo, mais brilhante que o ouro, mais puro e único capaz de ser concebido pelo Espírito, no Sono da mais abstrata contemplação. Uns adoram a Para-Purusha, no Fogo Elemental. Outros, no Manu, senhor de todas as criaturas; outros, em Indra; outros em Vayu e Tejas; outros, no eterno Brahmã. Porém, este Soberano Senhor é aquele que, ao desenvolver todos os seres com um corpo formado de cinco elementos, os faz, sucessivamente, passar  do nascimento ao crescimento; do crescimento à dissolução, com movimento semelhante ao de uma Roda que gira. Por isso o homem que reconhece a sua própria Alma na Suprema Alma Universal, presente em tudo e em todos, mostra-se igual perante todos e tudo, e alcança a mais feliz das sortes: a de ser finalmente absorvido no Seio de  Brahmã.
                Por mais dificil que isso tudo vos pareça, o fato é que não é impossível, eu vô-lo posso afirmar. Como nos antigos Códigos Iniciáticos, no nosso o método é posto em execução. Mesmo porque, sendo a sua Missão a de preparar uma Nova Civilização portadora de melhores dias para o mundo, é seu dever formar o Homem Integral, que desde já sirva de Arauto àquela Civilização.
                Quanto aos ideais que vedes por toda parte, e que são causadores da luta fratricida que se desencadeia no mundo do que demonstrações palpáveis do fim de um ciclo apodrecido e gasto, ao qual se seguirá o dealbar do glorioso dia da raça que prenunciamos. Por baixo de todas essas formas grosseiras de "salvação", se notam os anseios espirituais do verdadeiro Ideal da Fraternidade Humana.
                Daí o dique tutelar, por nós e poucos mais, construído,  para reter as águas invasoras do materialismo bravio, que ameaça tragar todos os seres da Terra.

AGNI - O FOGO SAGRADO - 3



AGNI - O FOGO SAGRADO - 3                                                                         
                                        
                       PROF. HENRIQUE JOSÉ DE SOUZA 


                Apolo é o deus da Poesia e da Música, e, como tal, o Pai das Artes e das Musas. As flechas saídas de seu inspirado peito são mais certeiras do que as de cupido, cujos olhos vendados não podem perceber que uma delas fere o coração de sua própria Mãe, Vênus, já que esta representa o próprio Espírito da Terra. Daí a frase dos Elohim: "Multiplicarei as tuas dores. Com dor parirás os filhos. Maldita seja a Terra em sua obra: espinhos e abrolhos ela produzirá. (Gênesis II vers. 16/17)
                Cupido não é outro senão o Augoeides neo-platônico, ou o Eu-Consciência-Imortal, do mesmo modo que Atmã, o Sétimo Princípio, Cristo, etc., da própria Teosofia, como também, o Sétimo ou último estado de Consciência que a mônada é obrigada a alcançar na Terra. Razão porque esta, como Mãe de Cupido, segundo a Mitologia, foi a primeira a ser ferida no peito, pois a Terra é o lugar de sofrimento ou depuração para a própria Mônada.
                A Mitologia nos diz, ainda, que as flechas de Apolo são a emanação da sublime beleza. E que foram temperadas, docemente, no coração do deus, a Ele volvendo, para serem purificadas e prontas novamente a disparar, em contínuo vai-e-vem, como o próprio "vai-e-vem" das marés, das várias encarnações do Ego. Por isso mesmo, podendo-se conceber tais palavras como o maravilhoso símbolo do impulso da Vontade Criadora, para que se realize a salvadora     evolução.
                O Amor é uma chama ardente desse Fogo imortal. Tudo arde, inflamado por essa chama. O corpo humano vive pela contínua combustão, que nele se realiza. O próprio Hipócrates, já procurava curar as moléstias, por meio do fogo. E hoje, a diatermia está em franco uso.
                A febre é um aumento do Fogo, que se esforça por queimar as escórias perturbadoras do organismo. Quando o corpo  não as pode vencer e o excesso de fogo se vê impossibilitado de destruir tais escórias, o calor ou febre aumenta de tal forma que o organismo, não mais podendo resisitr, morre.
                Repito, o Amor é uma chama do Fogo Divino, pelo qual nascemos, crescemos e nos transformamos.
                O mesmo sucede com a Natureza: vemos brotar uma flor, que depois de alguns dias ostenta suas formosas cores, para logo perfumar o ambiente que a cerca. Uma força interna impulsiona, tal como a energia de um motor  impulsiona toda a engrenagem de uma máquina. Porém tal energia, é algo expansiva; é a essência do Fogo, não daquele que encerramos num foguete, que explode em maravilhoso espetáculo, deixando espaço cravejado de lágrimas multicores, muito menos o das metralhas, que destrói a vida de inúmeras criaturas... Mas o de seu Divino  Pai: o Fogo Celeste.
                Esse foi o Fogo roubado por Prometeu, o titã rebelde, acorrentado no cume de uma montanha, para que os abutres se cevassem nas suas entranhas. Aquele mesmo que, ainda hoje, não perdeu a Fé, por saber que é partícipe da natureza dos deuses, já que Prometeu é a própria Humanidade, acorrentada nos grilhões de sua contumaz inconsciência. Ele possui, portanto, o direito à Imortalidade, a qual, ninguém, nem mesmo Deus lha pode negar.
                Prometeu, segundo a Mitologia, nos ensina o desprezo pela dor, e a necessidade do esforço, a fim de alcançarmos a libertação. E daí nos cingirmos com a Coroa do Divino Fogo, a mesma que circundava a fronte de Moisés, quando  desceu do Sinai, após haver contemplado a Luz, face a face. Esse fogo é o mesmo que, "em línguas de Fogo, no dia de Pentecostes (segundo a adaptação que a Igreja fez dos misteriosos símbolos da antiguidade) desceu sobre os apóstolos". E isso, dentro da sentença oriental: "quando o discípulo está preparado o Mestre aparece". E tal Mestre, não é outro senão a própria Consciência, adormecida no imo de todos os seres; aquela mesma que, nos Contos de Fadas, se acha com toda a sua corte, adormecida em plena floresta negra (ilusória, ou de ignorância), adormecida, à espera do príncipe encantador, que a venha despertar de tão amargurado letargo...
                O Alquimista João Tritamo, instrutor de Cornélio Agripa, abade dos beneditinos de Spanheim, dizia:
                "Deus é um Fogo essencial e aceso em todas as coisas, e principalmente no homem. Deus é Fogo; porém, nenhum fogo pode arder, nenhuma chama pode brilhar no seio da Natureza, sem que o Ar ative a sua combustão. Nesse caso, em nosso interior deve agir o Espírito Santo, como o AR ou Sopro emanado de Deus".
                "Cada coisa, dizia ele ainda, é uma Trindade de Fogo, Luz e Ar. Em outras palavras: o Espírito - o Pai - é um Fogo Divino, superessencial; o Filho, a Luz manifestada; e o Espírito Santo, o Ar ou movimento superessencial".
                "O Fogo reside no coração e distribui seus raios por todo o corpo, dando-lhe a vida; porém nenhuma luz nasce desse Fogo sem o espírito de santidade".          A filosofia esotérica assegura que reside no homem uma espécie de FOGO, chamado KUNDALINI. É o Fogo Serpentino latente no centro básico de vitalidade (o cóccix), como serpente enroscada em seu letargo, até que desperte e continue ativa, mediante a purificação do corpo, das emoções e da mente, como o completo domínio dos três mundos: físico, emocional e mental. Isso não se pode alcançar facilmente, sem o que, todos os homens já teriam  obtido a Suprema Perfeição.
                Tão logo o discípulo se encontre em condições, tal Fogo sobe por Sushumna, que é o "nadi", ou conduto medular da coluna vertebral, à cuja direita se acha o nervo "Ida" e à esquerda, "Píngala", termos técnicos esses, que empregamos  segundo o Orientalismo, por não conhecer, até hoje, a Ciência oficial o referido fenômeno, mas que o nosso Colégio     Iniciático se encarregará de modificá-los, futuramente, para o nosso idioma.          Assim, possuindo o discípulo os condutos medulares em perfeitas condições, Kundalini por eles se eleva, abrindo as Portas dos mundos invisíveis, mesmo porque o humano fogo, pondo-se em contato com o Divino (qual o fenômeno de dois carvões numa lâmpada elétrica) a Energia Cósmica se estabelece. É o que se pode chamar de "Fiat Lux", pois de fato, a "Luz espiritual" se faz para o discípulo.
                É o mesmo fenômeno da cana onde Prometeu encerrou o Fogo roubado aos deuses. Do mesmo modo que o Tirso dos iniciados, e o Caduceu de Mercúrio, cujas duas serpentes enroscadas nos dão a nítida e perfeita compreensão dos referidos "nadis" ou condutos medulares da coluna vertebral. Quanto ao capacete alado de Mercúrio, simboliza a     Inteligência Suprema, a Mente Universal.          Nas escrituras sagradas vemos "Elias arrebatado num carro de Fogo". O próprio nome "Elias" provém de Hélios do Sol.          Em tudo pulsa esse misterioso Fogo. Tudo nasce e vive por Ele. E, se bem observarmos a Natureza, de tal nos  convenceremos:          "Entre as plantas aquáticas, diz Maeterlinck, figura como a mais romântica, a Valisnéria, essa "hidrocarídea", cujos desposórios formam o episódio mais trágico da história amorosa das flores. A Valisnéria, entretanto, é uma insignificante planta, desprovida da graça encantadora do nenúfar, espécie de loto europeu, ou de outras flores subaquáticas, de airosas cabeleiras. A Natureza, porém, esmerou-se em lhe dar uma formosa história. Toda a     existência dessa planta se desenvolve no fundo das águas, em uma espécie de sonolência, até o momento nupcial, em que vive uma nova vida. Então, a feminina flor vai lentamente desenrolando a longa espiral de seu pedúnculo, emerge das águas e se abre, estendendo-se garbosamente na superfície do lago. Eis que, de lugar vizinho, a vê-la, apenas através da sombria água que a cobre, a flor masculina sente-se bruscamente retida, porque o talo que a sustém e lhe dá vida é demasiadamente curto, não lhe permitindo chegar até à superfície das águas, e aí consumar a união nupcial entre estames e pistilos. Trata-se de um defeito, ou da mais cruel das provas da Natureza?
                Imagine-se, com efeito, a horrível tragédia desse desejo, dessa transparente fatalidade, desse suplício de Tântalo de estar vendo e tocando o que é inatingível. Semelhante drama seria tão insolúvel, como o nosso próprio drama na Terra.
                Mas, eis que surge, de repente, um novo e inesperado elemento.
                Terá a flor masculina o pressentimento de tamanha decepção? Não o sabemos. O certo, porém, é que ela soube guardar em seu coração uma bolha de ar, como guardamos, em nossa alma um doce pensamento de inesperada salvação... Dir-se-ia que vacila um instante, para logo, em esforço supremo, o mais assombroso de quanto se conhece na vida das flores e dos insetos, romper, heroicamente, o laço que a liga à existência, para voar à altura de seu amoroso ideal. Corta, por si mesma, seu pedúnculo e, em incomparável impulso, entre pérolas de alegria, suas pétalas  se desfolham pela superfície das águas... Ferida de morte, porém livre e rutilante, flutua um instante ao lado de sua amorosa consorte. A união dos dois seres se realiza, depois da qual a flor masculina, sacrificada em aras de seus desejos, é joguete das águas, que levam seu cadáver para a margem vizinha, enquanto a esposa - já mãe - cerra sua  corola onde palpitam, ainda, os amantes eflúvios; enrola seu pistilo e desce novamente às profundezas aquáticas, afim de amadurecer o fruto de um amor heróico e sem limites".
                Essa formosa passagem da vida das flores aquáticas, dá-nos a idéia do FOGO amoroso, que pulsa no seio da Natureza. Se disséssemos que o Universo é FOGO, não mentiríamos. Tudo quanto percebem os nossos sentidos não é mais do que sombras e fumo desse Fogo.

AGNI - O FOGO SAGRADO - 2



AGNI - O FOGO SAGRADO - 2                                                                        
                                                                           
                         PROF. HENRIQUE JOSÉ DE SOUZA
                
  Na Índia cantava-se, desde tempos imemoriais, um "mantram" ou hino védico, mui profundo e comovente, o qual tinha o poder extraordinário de atrair forças superiores em defesa daqueles que o executavam. Tal "mantram" foi um dos muitos que serviram para a fundação da nossa Obra. É, hoje, de conhecimento de quantos venham frequentar as nossas fileiras, pelas várias vezes que aqui tem sido reproduzido. Eis aqui apenas um trecho da letra do mesmo:
                                             "Ó Agni,
                                         Fogo Purificador
                             Centelha divina, que arde em todas as coisas
                                       Alma gloriosa do SOL
                                             AUM..."
                Esta palavra final representa a Tríplice Manifestação da divindade, que em sua essência é Una, segundo as "três  pessoas distintas e uma só verdadeira" do plágio cristão. De tal palavra serviu-se ainda a igreja para o seu AMÉM, alías de modo errôneo, porque a palavra verdadeira, que exprime "Assim seja", assim se cumpra, etc., difere daquela,  isto é, BIJA ou semente que deve germinar, produzir bons frutos, etc., como sói acontecer ao nosso próprio lema  latino: SPES MESSIS IN SEMINE, que quer dizer: "A esperança da colheita, reside na semente", ou seja, aquela que desde há longos anos vimos lançando no campo, até então árido, mas donde vai surgir um dia a prodigiosa civilização portadora de melhores dias para o mundo. Colheita, portanto de tão nobres, quão elevados esforços, de nossa parte e de quantos queiram ingressar nas excelsas fileiras da "Missão dos Sete Raios de Luz", a SOCIEDADE BRASILEIRA DE EUBIOSE!
                Na Grécia, simbolizava-se a espiritual marcha da Humanidade, por jovens atletas que corriam várias etapas, passando, de mão em mão, um facho aceso. A pista era o templo; as etapas, os séculos, senão, os próprios ciclos raciais; os atletas, as gerações e finalmente, o "facho aceso" era o progresso espiritual da Mônada, como centelha ou chama, ou Ego Imortal, até alcançar o máximo de sua evolução na Terra.

                Tal simbolismo é cheio de sugestões que nos induzem a pensar na marcha ascensional da Humanidade, em sua  contínua evolução, "etapa por etapa"... Onde o Fogo deve ser, cada vez mais ativo, ou aceso.
                Que se intensifique, pois, o progresso, porém, apoiado no da etapa anterior, tal como os nossos pés quando sobem os degraus de uma escada. Cumpre-nos progredir conservando, e conservar, progredindo. Não nos devemos orgulhar de nossos grandes progressos; são filhos do passado. E sem o "passado", não teríamos chegado à altura em que presentemente nos encontramos. São filhos dos esforços dos "atletas", que passaram anteriormente pela pista do     mundo, a começar por aqueles que figuram na espiritual galeria do nosso salão de reuniões --- os Grandes Iluminados.
                As crianças são forçadas a experimentar por si mesmas, todas as coisas. Nossos conselhos e ensinamentos as deixam perplexas. Advertimo-las, por exemplo, que não devem aproximar suas inocentes mãos da chama de uma  vela. E só compreendem a razão de nossa advertência, depois de passarem pela "prova do fogo físico", que tanto vale pela da "Dor", como único meio que a própria Lei nos oferece na Vida, para alcançarmos a Perfeição Absoluta.          Entretanto, a civilização hodierna - pelo menos no seu aspecto material, vai muito mais apressada do que nos séculos anteriores. Com efeito, a criança de hoje, com poucos anos de idade pode aprender aquilo que custou à Humanidade, alguns milênos de experiências.
                O facho do progresso chega às mãos da criança de hoje muito mais aceso e brilhante... O sopro da evolução avivou poderosamente a sua chama.          Por isso mesmo, tal fenômeno pode transformar-se em gravíssimo perigo para a sociedade hodierna. E a nós, Teósofos ou Ocultistas do mundo, cabe o dever de pôr em jogo todos os recursos imagináveis, a fim de evitar que "imenso e terrível incêndio" ocasione a sua total ruína. Poderia suceder o mesmo que ao discípulo do Mago, quando, durante a ausência daquele, começou a fazer "Experiências" por conta própria, para logo se ver envolvido em chamas... E só não teve um trágico fim, por ter seu Mestre voltado à casa.
                O Fogo impulsionou o progresso material. Foi, porém, o Fogo terreno, o fogo interior, a borra, e não a sublimada essência.          O homem domina hoje a Terra, o Ar, a Água, por meio do Fogo. Não sabe, entretanto, dominar a si mesmo, porque abriu a torneira do barril mágico, como o fez o inexperiente discípulo do Mago. E como ignora o único meio de fechar a torneira, está sendo devorado pelas chamas de sua própria "ignorância"...
                Esse Fogo é o mesmo que Mefistófeles fez brotar do cantilho de vinho, diante de Valentino, o irmão de Margarida, quando aquele se despedia dos amigos, no momento de partir para a guerra. Porém, logo reconhecido o malévolo estratagema de Mefistófeles, apresentaram-lhe a cruz da espada, que o obrigou a esconder-se no canto da casa, vencido e humilhado.          Mas, por que razão esse seu receio da cruz da espada? Não será por tal símbolo ser o mesmo do PRAMANTHA, ou antes, do Fogo dirigido nas direções dos "Quatro Pontos cardeais"?
                WOTAN cravou a "Espada do Conhecimento" na ensinha que se erguia, forte e soberba, diante da casa de Sieglinda.  Ninguém a pôde dali arrancar, a não ser Sigmundo, num esforço supremo, pois logo morria, após o combate sustentado contra Hunding. Despedaçada, foi ela cair aos seus pés.          Sieglinda recolhe os pedaços, mas não a pode recompor o próprio MIMO (figura, por sua vez, de Mefistófeles, outraiçoeira), e sim, Siegfrido, por desconhecer o medo e a ter forjado no Fogo Superior ou Divino, onde só se pode forjar a Espada do Conhecimento, qual a "Flamígera Espada" de Mikael, postado à entrada do Paraíso Terrenal, até que a humanidade inteira se torne digna do Paraíso Celeste, pois outro não é o verdadeiro sentido do símbolo.
                Que, de sublimes mistérios estão contidos nas Chaves ocultas da Mitologia!          Na grega, por exemplo, Vulcano, o deus do Fogo, constrói para Apolo umas flechas que, ao serem disparadas pelo deus, volvem à sua aljava, depois de haver acertado no alvo. À primeira vista, o simbolismo parece uma infantilidade.
                Não o é, porém, porque APOLO representa o próprio SOL, como fonte de energia e de vida do Sistema. Do Sol nos chegam a luz e o calor, como manifestações distintas da vitalidade. Do Sol emanam as ondas eletromagnéticas que alimentam todo o Sistema. São as flechas que lançam o Pai-Sol, a todos os âmbitos do sistema. É o sangue arterial que flui por todos os lados, que tudo alimenta. É finalmente, a emoção do seu próprio Coração. A essas flechas, sucede a mesma coisa que ao sangue arterial, voltando ao coração, através das veias, a fim de se purificar e seguir, alimentanto todo o organismo humano.
                Do mesmo modo que as águas do rio volvem, contaminadas, ao mar, onde se misturam com as salsas ondas, para se evaporar e purificar, depois, no imenso alambique da atmosfera, onde formam nuvens que se desfazem em chuvas, que apagam a sede abrasadora dos campos, animais, e dos homens; assim, as ondas eletromagnéticas de retorno à Usina que as gerou, se purificam no Fogo do coração do SOL. Não são essas, pois, as apolíneas flechas, forjadas     pelo divino Fogo de Vulcano?
                Em sentido mais transcendente ainda: essas flechas, atiradas por Júpiter Olímpico ao seu irmão Júpiter Plutônico (no seio dos infernos) - segundo o cabalístico termo "Dæmon est Deus inversus", ou: o "Demônio é o inverso de Deus"- são as próprias Mônadas saídas do Seio do Ishvara, ou o Ser Supremo, o Sol Espiritual dirigente do sistema, cujas "mônadas", depois de longa série de experiências, que tanto valem por inúmeras encarnações na Terra, vão ter     ao mesmo lugar donde vieram. Outro não é o verdadeiro sentido da "Parábola do Filho Pródigo" que volta à Casa Paterna, de tão má interpretação religiosa, embora fosse o próprio Santo Agostinho quem lhe desse o verdadeiro  sentido, conscientemente ou não, quando diz:
                                  "Viemos da Divindade e para Ela
                                       havemos de retornar".