AGNI - O
FOGO SAGRADO - 4
PROF.
HENRIQUE JOSÉ DE SOUZA
As salamandras que vivem nas chamas, são elementais
superiores aos gnomos, ondinas e sílfides, porque estas últimas vivem no
âmbito terrestre, enquanto que as primeiras possuem consciência superior. No
Templo de Delfos, uma salamandra se punha em comunicação com os Iniciados.
Porfírio, discípulo de Plotino, que conhecia bastante o Oculto, revelou
aos homens a seguinte prece da Salamandra, que não é propriamente a ela
dirigida, mas ao próprio Fogo Criador, mesmo porque os elementais ou Espíritos
da Natureza não conhecem outra linguagem senão a que lhes é própria:
"Ó imortal, Eterno, Inefável e
Sagrado Pai de todas as coisas,
conduzido no carro que desliza
sem cessar pelos mundos, que dão
sempiternas voltas. Dominador dos
etéreos campos, onde se assenta
o trono do Teu poder, de cujo vértice
Teus poderosos olhos tudo
vêem, e Teus formosos ouvidos tudo
ouvem. Escuta a prece de
Teus filhos, aos quais amaste desde o
começo dos séculos. Tua eterna
majestade resplandece sobre o mundo,
e sobre o céu das estrelas.
Estás acima de tudo, ó fogo faiscante,
que por si mesmo se estende e alimenta.
Por seu
próprio esplendor, saem de Tua
essência inesgotáveis fontes de luz,
que se difundem de Teu Espírito Infinito.
Esse Espírito é o Criador de tudo.
Ó Pai
Universal, criaste Tua essência adorável.
É dever nosso louvar e adotar a Tua sublime
vontade,
com ardente ânsia de possuir-te,
ó
Pai, ó mais Terna das
Mães,
exemplo admirável da ternura materna.
Ó Filho, Flor de Todos os Filhos.
Ó forma de todas as formas. Alma, Espírito,
Harmonia
e Nome de tudo quanto existe.
Nós Te adoramos".
Se alguma prece
possui valor, esta ao menos encerra em si, os grandes mistérios da Vida
Universal, da Fonte de Energia, que a tudo e a todos banha. Ao ouvi-la, parece,
com efeito, que se acende em nós o Fogo oculto, que nos aproxima da
Divindade, como verdadeira Usina que é, de Força, Luz e Calor, para não dizer,
de Vontade, Sabedoria e Atividade.
É ainda, do
mesmo Porfírio: "Existe na Divindade uma insondável profundeza ardente. O
coração humano jamais deverá temer o contato desse Fogo adorável, porquanto não
será por Ele destruído."
Ele é o doce
Fogo, cujo feliz e tranquilo calor determina o encadeamento das causas, a
Harmonia e vital continuidade do mundo. Nada existe que não seja por Ele
alimentado pois é Ele a própria Essência Divina. Ninguém o gerou. É sem Pai nem
Mãe... nem causa alguma. Mas, tudo sabe e Nada lhe pode ser ensinado. É
imutável nos seus desígnios e seu Nome é inefável. Eis aqui o que é Deus. Nós,
míseros mensageiros seus, nada mais somos do que uma
partícula Sua.
A antiguidade
sábia, por sua vez, já nos ensinava: do mesmo modo que um fogo violento queima
até as árvores verdes, o homem que estuda compreende os livros santos, apaga,
em si, toda mácula nascida do pecado. E aquele que conhece perfeitamente o
sentido de Veda-Shastra - os ensinamentos da Lei, qualquer que seja sua
condição, prepara-se, durante o seu estudo neste mundo, para a
identificação com BRAHMÃ (liberação). Os que muito
estudaram, valem mais do que os que pouco leram. Os que possuem tudo quanto leram,
são preferíveis aos que leram e logo esqueceram. Os que compreenderam, possuem
mais mérito do que aqueles que sabem simplesmente o que decoraram. Os que
cumprem com o dever, uma vez este conhecido, são preferíveis aos que
simplesmente o conhecem, mas não o praticam. O conhecimento da Alma Suprema e a
devoção para com Ela, são os melhores métodos para se chegar à Felicidade
Suprema da liberação. Com a devoção, resgata as suas faltas; com
o Conhecimento de Brahmã, consegue a Imortalidade.
Aquele que procura adquirir conhecimento efetivo de seus deveres, possui
três categorias de provas: a evidência intuitiva, o raciocínio discursivo e a
autoridade dos diferentes livros deduzidos das Santas Escrituras.
Ainda mais: o
discípulo concentrando a atenção em tudo isso, alcança o "perceber" a
Alma Divina em todas as coisas, visíveis e invisiveis. Pois, considerando
a Alma Divina em tudo, e reciprocamente, tudo na Alma Divina, não entrega o
espírito à iniquidade. A Alma Suprema, é, com efeito, a SÍNTESE de todos os
deuses e aquilo que pulsa no íntimo de quantos atos
realizaram todos os seres animados. Que o discípulo contemple, em suas
meditações, o éter sutil que inunda todas as cavidades de seu coração; o
ar que atua em seus músculos e nervos, a Suprema Luz do Sol e do Fogo, em seu
calor digestivo e em seus órgãos visuais; a Água, nos fluídos de seu corpo; a
Terra, em todo seu corpo. Veja, também, a Lua (Indu) em seu coração; os Gênios
das 8 regiões do Espaço, no órgão de seu ouvido; Hara,
em sua força muscular, Agni, em sua palavra, Mitra em
sua faculdade excretória, Pradjápati, em seu poder gerador. Acima de
tudo, porém, deve representar ao Grande Ser (Para-Purusha) como o Soberano
Animador do Universo. Mais sutil do que o Átomo, mais brilhante que o ouro,
mais puro e único capaz de ser concebido pelo Espírito, no Sono da mais
abstrata contemplação. Uns adoram a Para-Purusha, no Fogo Elemental. Outros, no
Manu, senhor de todas as criaturas; outros, em Indra; outros em Vayu e Tejas;
outros, no eterno Brahmã. Porém, este Soberano Senhor é aquele que, ao
desenvolver todos os seres com um corpo formado de cinco elementos, os faz,
sucessivamente, passar do nascimento ao crescimento; do crescimento à
dissolução, com movimento semelhante ao de uma Roda que gira. Por isso o homem
que reconhece a sua própria Alma na Suprema Alma Universal, presente em tudo e
em todos, mostra-se igual perante todos e tudo, e alcança a mais feliz das
sortes: a de ser finalmente absorvido no Seio de Brahmã.
Por mais dificil que isso tudo
vos pareça, o fato é que não é impossível, eu vô-lo posso afirmar. Como nos
antigos Códigos Iniciáticos, no nosso o método é posto em execução. Mesmo
porque, sendo a sua Missão a de preparar uma Nova Civilização portadora de
melhores dias para o mundo, é seu dever formar o Homem Integral, que desde já
sirva de Arauto àquela Civilização.
Quanto aos ideais que vedes por
toda parte, e que são causadores da luta fratricida que se desencadeia no mundo
do que demonstrações palpáveis do fim de um ciclo apodrecido e gasto, ao qual
se seguirá o dealbar do glorioso dia da raça que prenunciamos. Por baixo de
todas essas formas grosseiras de "salvação", se notam os anseios
espirituais do verdadeiro Ideal da Fraternidade Humana.
Daí o dique tutelar, por nós e poucos mais,
construído, para reter as águas invasoras do materialismo bravio, que
ameaça tragar todos os seres da Terra.
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