quarta-feira, 9 de outubro de 2013

AGNI- O FOGO SAGRADO - 4



AGNI - O FOGO SAGRADO - 4 

PROF. HENRIQUE JOSÉ DE SOUZA  
                                                                              
As salamandras que vivem nas chamas, são elementais superiores aos gnomos, ondinas e sílfides, porque estas  últimas vivem no âmbito terrestre, enquanto que as primeiras possuem consciência superior. No Templo de Delfos, uma salamandra se punha em comunicação com os Iniciados. Porfírio, discípulo de Plotino, que  conhecia bastante o Oculto, revelou aos homens a seguinte prece da Salamandra, que não é propriamente a ela dirigida, mas ao próprio Fogo Criador, mesmo porque os elementais ou Espíritos da Natureza não conhecem outra linguagem senão a que lhes é própria:
                                   
   "Ó imortal, Eterno, Inefável e
                                   Sagrado Pai de todas as coisas,
                                   conduzido no carro que desliza
                                  sem cessar pelos mundos, que dão
                                 sempiternas voltas. Dominador dos
                                   etéreos campos, onde se assenta
                                o trono do Teu poder, de cujo vértice
                                     Teus poderosos olhos tudo
                                 vêem, e Teus formosos ouvidos tudo
                                     ouvem. Escuta a prece de
                                Teus filhos, aos quais amaste desde o
                                   começo dos séculos. Tua eterna
                                majestade resplandece sobre o mundo,
                                     e sobre o céu das estrelas.
                               Estás acima de tudo, ó fogo faiscante,
                             que por si mesmo se estende e alimenta.
                                Por seu próprio esplendor, saem de Tua
                                 essência inesgotáveis fontes de luz,
                               que se difundem de Teu Espírito Infinito.
                                  Esse Espírito é o Criador de tudo.
                    Ó Pai Universal, criaste Tua essência adorável.
                       É dever nosso louvar e adotar a Tua sublime
                     vontade, com ardente ânsia de possuir-te,
                                      ó Pai, ó mais Terna das
                   Mães, exemplo admirável da ternura materna.
                                   Ó Filho, Flor de Todos os Filhos.
                        Ó forma de todas as formas. Alma, Espírito,
                        Harmonia e Nome de tudo quanto existe.
                                        Nós Te adoramos".

                Se alguma prece possui valor, esta ao menos encerra em si, os grandes mistérios da Vida Universal, da Fonte de Energia, que a tudo e a todos banha. Ao ouvi-la, parece, com efeito, que se acende em nós o Fogo oculto, que nos  aproxima da Divindade, como verdadeira Usina que é, de Força, Luz e Calor, para não dizer, de Vontade, Sabedoria e Atividade.
                É ainda, do mesmo Porfírio: "Existe na Divindade uma insondável profundeza ardente. O coração humano jamais deverá temer o contato desse Fogo adorável, porquanto não será por Ele destruído."
                Ele é o doce Fogo, cujo feliz e tranquilo calor determina o encadeamento das causas, a Harmonia e vital continuidade  do mundo. Nada existe que não seja por Ele alimentado pois é Ele a própria Essência Divina. Ninguém o gerou. É sem Pai nem Mãe... nem causa alguma. Mas, tudo sabe e Nada lhe pode ser ensinado. É imutável nos seus desígnios e seu Nome é inefável. Eis aqui o que é Deus. Nós, míseros mensageiros seus, nada mais somos do que uma     partícula Sua.
                A antiguidade sábia, por sua vez, já nos ensinava: do mesmo modo que um fogo violento queima até as árvores verdes, o homem que estuda compreende os livros santos, apaga, em si, toda mácula nascida do pecado. E aquele que conhece perfeitamente o sentido de Veda-Shastra - os ensinamentos da Lei, qualquer que seja sua condição,  prepara-se, durante o seu estudo neste mundo, para a identificação com BRAHMÃ (liberação). Os que muito     estudaram, valem mais do que os que pouco leram. Os que possuem tudo quanto leram, são preferíveis aos que leram e logo esqueceram. Os que compreenderam, possuem mais mérito do que aqueles que sabem simplesmente o que decoraram. Os que cumprem com o dever, uma vez este conhecido, são preferíveis aos que simplesmente o conhecem, mas não o praticam. O conhecimento da Alma Suprema e a devoção para com Ela, são os melhores métodos para se chegar à Felicidade Suprema da liberação. Com a devoção, resgata as suas faltas; com o     Conhecimento de Brahmã, consegue a Imortalidade. Aquele que procura adquirir conhecimento efetivo de seus  deveres, possui três categorias de provas: a evidência intuitiva, o raciocínio discursivo e a autoridade dos diferentes livros deduzidos das Santas Escrituras.
                Ainda mais: o discípulo concentrando a atenção em tudo isso, alcança o "perceber" a Alma Divina em todas as coisas,  visíveis e invisiveis. Pois, considerando a Alma Divina em tudo, e reciprocamente, tudo na Alma Divina, não entrega o espírito à iniquidade. A Alma Suprema, é, com efeito, a SÍNTESE de todos os deuses e aquilo que pulsa no íntimo de     quantos atos realizaram todos os seres animados. Que o discípulo contemple, em suas meditações, o éter sutil que  inunda todas as cavidades de seu coração; o ar que atua em seus músculos e nervos, a Suprema Luz do Sol e do Fogo, em seu calor digestivo e em seus órgãos visuais; a Água, nos fluídos de seu corpo; a Terra, em todo seu corpo. Veja, também, a Lua (Indu) em seu coração; os Gênios das 8 regiões do Espaço, no órgão de seu ouvido; Hara, em     sua força muscular, Agni, em sua palavra, Mitra em sua faculdade excretória, Pradjápati, em seu poder gerador.  Acima de tudo, porém, deve representar ao Grande Ser (Para-Purusha) como o Soberano Animador do Universo.  Mais sutil do que o Átomo, mais brilhante que o ouro, mais puro e único capaz de ser concebido pelo Espírito, no Sono da mais abstrata contemplação. Uns adoram a Para-Purusha, no Fogo Elemental. Outros, no Manu, senhor de todas as criaturas; outros, em Indra; outros em Vayu e Tejas; outros, no eterno Brahmã. Porém, este Soberano Senhor é aquele que, ao desenvolver todos os seres com um corpo formado de cinco elementos, os faz, sucessivamente, passar  do nascimento ao crescimento; do crescimento à dissolução, com movimento semelhante ao de uma Roda que gira. Por isso o homem que reconhece a sua própria Alma na Suprema Alma Universal, presente em tudo e em todos, mostra-se igual perante todos e tudo, e alcança a mais feliz das sortes: a de ser finalmente absorvido no Seio de  Brahmã.
                Por mais dificil que isso tudo vos pareça, o fato é que não é impossível, eu vô-lo posso afirmar. Como nos antigos Códigos Iniciáticos, no nosso o método é posto em execução. Mesmo porque, sendo a sua Missão a de preparar uma Nova Civilização portadora de melhores dias para o mundo, é seu dever formar o Homem Integral, que desde já sirva de Arauto àquela Civilização.
                Quanto aos ideais que vedes por toda parte, e que são causadores da luta fratricida que se desencadeia no mundo do que demonstrações palpáveis do fim de um ciclo apodrecido e gasto, ao qual se seguirá o dealbar do glorioso dia da raça que prenunciamos. Por baixo de todas essas formas grosseiras de "salvação", se notam os anseios espirituais do verdadeiro Ideal da Fraternidade Humana.
                Daí o dique tutelar, por nós e poucos mais, construído,  para reter as águas invasoras do materialismo bravio, que ameaça tragar todos os seres da Terra.

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