quarta-feira, 9 de outubro de 2013

AGNI - O FOGO SAGRADO - 2



AGNI - O FOGO SAGRADO - 2                                                                        
                                                                           
                         PROF. HENRIQUE JOSÉ DE SOUZA
                
  Na Índia cantava-se, desde tempos imemoriais, um "mantram" ou hino védico, mui profundo e comovente, o qual tinha o poder extraordinário de atrair forças superiores em defesa daqueles que o executavam. Tal "mantram" foi um dos muitos que serviram para a fundação da nossa Obra. É, hoje, de conhecimento de quantos venham frequentar as nossas fileiras, pelas várias vezes que aqui tem sido reproduzido. Eis aqui apenas um trecho da letra do mesmo:
                                             "Ó Agni,
                                         Fogo Purificador
                             Centelha divina, que arde em todas as coisas
                                       Alma gloriosa do SOL
                                             AUM..."
                Esta palavra final representa a Tríplice Manifestação da divindade, que em sua essência é Una, segundo as "três  pessoas distintas e uma só verdadeira" do plágio cristão. De tal palavra serviu-se ainda a igreja para o seu AMÉM, alías de modo errôneo, porque a palavra verdadeira, que exprime "Assim seja", assim se cumpra, etc., difere daquela,  isto é, BIJA ou semente que deve germinar, produzir bons frutos, etc., como sói acontecer ao nosso próprio lema  latino: SPES MESSIS IN SEMINE, que quer dizer: "A esperança da colheita, reside na semente", ou seja, aquela que desde há longos anos vimos lançando no campo, até então árido, mas donde vai surgir um dia a prodigiosa civilização portadora de melhores dias para o mundo. Colheita, portanto de tão nobres, quão elevados esforços, de nossa parte e de quantos queiram ingressar nas excelsas fileiras da "Missão dos Sete Raios de Luz", a SOCIEDADE BRASILEIRA DE EUBIOSE!
                Na Grécia, simbolizava-se a espiritual marcha da Humanidade, por jovens atletas que corriam várias etapas, passando, de mão em mão, um facho aceso. A pista era o templo; as etapas, os séculos, senão, os próprios ciclos raciais; os atletas, as gerações e finalmente, o "facho aceso" era o progresso espiritual da Mônada, como centelha ou chama, ou Ego Imortal, até alcançar o máximo de sua evolução na Terra.

                Tal simbolismo é cheio de sugestões que nos induzem a pensar na marcha ascensional da Humanidade, em sua  contínua evolução, "etapa por etapa"... Onde o Fogo deve ser, cada vez mais ativo, ou aceso.
                Que se intensifique, pois, o progresso, porém, apoiado no da etapa anterior, tal como os nossos pés quando sobem os degraus de uma escada. Cumpre-nos progredir conservando, e conservar, progredindo. Não nos devemos orgulhar de nossos grandes progressos; são filhos do passado. E sem o "passado", não teríamos chegado à altura em que presentemente nos encontramos. São filhos dos esforços dos "atletas", que passaram anteriormente pela pista do     mundo, a começar por aqueles que figuram na espiritual galeria do nosso salão de reuniões --- os Grandes Iluminados.
                As crianças são forçadas a experimentar por si mesmas, todas as coisas. Nossos conselhos e ensinamentos as deixam perplexas. Advertimo-las, por exemplo, que não devem aproximar suas inocentes mãos da chama de uma  vela. E só compreendem a razão de nossa advertência, depois de passarem pela "prova do fogo físico", que tanto vale pela da "Dor", como único meio que a própria Lei nos oferece na Vida, para alcançarmos a Perfeição Absoluta.          Entretanto, a civilização hodierna - pelo menos no seu aspecto material, vai muito mais apressada do que nos séculos anteriores. Com efeito, a criança de hoje, com poucos anos de idade pode aprender aquilo que custou à Humanidade, alguns milênos de experiências.
                O facho do progresso chega às mãos da criança de hoje muito mais aceso e brilhante... O sopro da evolução avivou poderosamente a sua chama.          Por isso mesmo, tal fenômeno pode transformar-se em gravíssimo perigo para a sociedade hodierna. E a nós, Teósofos ou Ocultistas do mundo, cabe o dever de pôr em jogo todos os recursos imagináveis, a fim de evitar que "imenso e terrível incêndio" ocasione a sua total ruína. Poderia suceder o mesmo que ao discípulo do Mago, quando, durante a ausência daquele, começou a fazer "Experiências" por conta própria, para logo se ver envolvido em chamas... E só não teve um trágico fim, por ter seu Mestre voltado à casa.
                O Fogo impulsionou o progresso material. Foi, porém, o Fogo terreno, o fogo interior, a borra, e não a sublimada essência.          O homem domina hoje a Terra, o Ar, a Água, por meio do Fogo. Não sabe, entretanto, dominar a si mesmo, porque abriu a torneira do barril mágico, como o fez o inexperiente discípulo do Mago. E como ignora o único meio de fechar a torneira, está sendo devorado pelas chamas de sua própria "ignorância"...
                Esse Fogo é o mesmo que Mefistófeles fez brotar do cantilho de vinho, diante de Valentino, o irmão de Margarida, quando aquele se despedia dos amigos, no momento de partir para a guerra. Porém, logo reconhecido o malévolo estratagema de Mefistófeles, apresentaram-lhe a cruz da espada, que o obrigou a esconder-se no canto da casa, vencido e humilhado.          Mas, por que razão esse seu receio da cruz da espada? Não será por tal símbolo ser o mesmo do PRAMANTHA, ou antes, do Fogo dirigido nas direções dos "Quatro Pontos cardeais"?
                WOTAN cravou a "Espada do Conhecimento" na ensinha que se erguia, forte e soberba, diante da casa de Sieglinda.  Ninguém a pôde dali arrancar, a não ser Sigmundo, num esforço supremo, pois logo morria, após o combate sustentado contra Hunding. Despedaçada, foi ela cair aos seus pés.          Sieglinda recolhe os pedaços, mas não a pode recompor o próprio MIMO (figura, por sua vez, de Mefistófeles, outraiçoeira), e sim, Siegfrido, por desconhecer o medo e a ter forjado no Fogo Superior ou Divino, onde só se pode forjar a Espada do Conhecimento, qual a "Flamígera Espada" de Mikael, postado à entrada do Paraíso Terrenal, até que a humanidade inteira se torne digna do Paraíso Celeste, pois outro não é o verdadeiro sentido do símbolo.
                Que, de sublimes mistérios estão contidos nas Chaves ocultas da Mitologia!          Na grega, por exemplo, Vulcano, o deus do Fogo, constrói para Apolo umas flechas que, ao serem disparadas pelo deus, volvem à sua aljava, depois de haver acertado no alvo. À primeira vista, o simbolismo parece uma infantilidade.
                Não o é, porém, porque APOLO representa o próprio SOL, como fonte de energia e de vida do Sistema. Do Sol nos chegam a luz e o calor, como manifestações distintas da vitalidade. Do Sol emanam as ondas eletromagnéticas que alimentam todo o Sistema. São as flechas que lançam o Pai-Sol, a todos os âmbitos do sistema. É o sangue arterial que flui por todos os lados, que tudo alimenta. É finalmente, a emoção do seu próprio Coração. A essas flechas, sucede a mesma coisa que ao sangue arterial, voltando ao coração, através das veias, a fim de se purificar e seguir, alimentanto todo o organismo humano.
                Do mesmo modo que as águas do rio volvem, contaminadas, ao mar, onde se misturam com as salsas ondas, para se evaporar e purificar, depois, no imenso alambique da atmosfera, onde formam nuvens que se desfazem em chuvas, que apagam a sede abrasadora dos campos, animais, e dos homens; assim, as ondas eletromagnéticas de retorno à Usina que as gerou, se purificam no Fogo do coração do SOL. Não são essas, pois, as apolíneas flechas, forjadas     pelo divino Fogo de Vulcano?
                Em sentido mais transcendente ainda: essas flechas, atiradas por Júpiter Olímpico ao seu irmão Júpiter Plutônico (no seio dos infernos) - segundo o cabalístico termo "Dæmon est Deus inversus", ou: o "Demônio é o inverso de Deus"- são as próprias Mônadas saídas do Seio do Ishvara, ou o Ser Supremo, o Sol Espiritual dirigente do sistema, cujas "mônadas", depois de longa série de experiências, que tanto valem por inúmeras encarnações na Terra, vão ter     ao mesmo lugar donde vieram. Outro não é o verdadeiro sentido da "Parábola do Filho Pródigo" que volta à Casa Paterna, de tão má interpretação religiosa, embora fosse o próprio Santo Agostinho quem lhe desse o verdadeiro  sentido, conscientemente ou não, quando diz:
                                  "Viemos da Divindade e para Ela
                                       havemos de retornar".

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