AGNI - O FOGO
SAGRADO - 2
PROF. HENRIQUE JOSÉ DE SOUZA
Na Índia cantava-se, desde tempos
imemoriais, um "mantram" ou hino védico, mui profundo e comovente, o
qual tinha o poder extraordinário de atrair forças superiores em defesa
daqueles que o executavam. Tal "mantram" foi um dos muitos que
serviram para a fundação da nossa Obra. É, hoje, de conhecimento de quantos
venham frequentar as nossas fileiras, pelas várias vezes que aqui tem sido
reproduzido. Eis aqui apenas um trecho da letra do mesmo:
"Ó Agni,
Fogo Purificador
Centelha divina, que arde em todas as coisas
Alma gloriosa do SOL
AUM..."
Esta palavra
final representa a Tríplice Manifestação da divindade, que em sua essência é
Una, segundo as "três pessoas distintas e uma só verdadeira" do
plágio cristão. De tal palavra serviu-se ainda a igreja para o seu AMÉM, alías
de modo errôneo, porque a palavra verdadeira, que exprime "Assim
seja", assim se cumpra, etc., difere daquela, isto é, BIJA ou semente
que deve germinar, produzir bons frutos, etc., como sói acontecer ao nosso
próprio lema latino: SPES MESSIS IN SEMINE, que quer dizer: "A
esperança da colheita, reside na semente", ou seja, aquela que desde há
longos anos vimos lançando no campo, até então árido, mas donde vai surgir um
dia a prodigiosa civilização portadora de melhores dias para o mundo. Colheita,
portanto de tão nobres, quão elevados esforços, de nossa parte e de quantos
queiram ingressar nas excelsas fileiras da "Missão dos Sete Raios de
Luz", a SOCIEDADE BRASILEIRA DE EUBIOSE!
Na Grécia,
simbolizava-se a espiritual marcha da Humanidade, por jovens atletas que
corriam várias etapas, passando, de mão em mão, um facho aceso. A pista era o
templo; as etapas, os séculos, senão, os próprios ciclos raciais; os atletas,
as gerações e finalmente, o "facho aceso" era o progresso espiritual
da Mônada, como centelha ou chama, ou Ego Imortal, até alcançar o máximo de sua
evolução na Terra.
Tal simbolismo é
cheio de sugestões que nos induzem a pensar na marcha ascensional da
Humanidade, em sua contínua evolução, "etapa por etapa"... Onde
o Fogo deve ser, cada vez mais ativo, ou aceso.
Que se
intensifique, pois, o progresso, porém, apoiado no da etapa anterior, tal como
os nossos pés quando sobem os degraus de uma escada. Cumpre-nos progredir
conservando, e conservar, progredindo. Não nos devemos orgulhar de nossos
grandes progressos; são filhos do passado. E sem o "passado", não
teríamos chegado à altura em que presentemente nos encontramos. São filhos dos
esforços dos "atletas", que passaram anteriormente pela pista
do mundo, a começar por aqueles que figuram na
espiritual galeria do nosso salão de reuniões --- os Grandes Iluminados.
As crianças são
forçadas a experimentar por si mesmas, todas as coisas. Nossos conselhos e
ensinamentos as deixam perplexas. Advertimo-las, por exemplo, que não devem
aproximar suas inocentes mãos da chama de uma vela. E só compreendem a
razão de nossa advertência, depois de passarem pela "prova do fogo
físico", que tanto vale pela da "Dor", como único meio que a
própria Lei nos oferece na Vida, para alcançarmos a Perfeição Absoluta.
Entretanto, a civilização hodierna
- pelo menos no seu aspecto material, vai muito mais apressada do que nos
séculos anteriores. Com efeito, a criança de hoje, com poucos anos de idade
pode aprender aquilo que custou à Humanidade, alguns milênos de experiências.
O facho do
progresso chega às mãos da criança de hoje muito mais aceso e brilhante... O
sopro da evolução avivou poderosamente a sua chama.
Por isso mesmo, tal fenômeno pode transformar-se em
gravíssimo perigo para a sociedade hodierna. E a nós, Teósofos ou Ocultistas do
mundo, cabe o dever de pôr em jogo todos os recursos imagináveis, a fim de
evitar que "imenso e terrível incêndio" ocasione a sua total ruína.
Poderia suceder o mesmo que ao discípulo do Mago, quando, durante a ausência
daquele, começou a fazer "Experiências" por conta própria, para logo
se ver envolvido em chamas... E só não teve um trágico fim, por ter seu Mestre
voltado à casa.
O Fogo
impulsionou o progresso material. Foi, porém, o Fogo terreno, o fogo interior,
a borra, e não a sublimada essência.
O homem domina hoje a Terra, o Ar, a Água, por meio do Fogo.
Não sabe, entretanto, dominar a si mesmo, porque abriu a torneira do barril
mágico, como o fez o inexperiente discípulo do Mago. E como ignora o único meio
de fechar a torneira, está sendo devorado pelas chamas de sua própria
"ignorância"...
Esse Fogo é o
mesmo que Mefistófeles fez brotar do cantilho de vinho, diante de Valentino, o
irmão de Margarida, quando aquele se despedia dos amigos, no momento de partir
para a guerra. Porém, logo reconhecido o malévolo estratagema de Mefistófeles,
apresentaram-lhe a cruz da espada, que o obrigou a esconder-se no canto da
casa, vencido e humilhado. Mas, por
que razão esse seu receio da cruz da espada? Não será por tal símbolo ser o
mesmo do PRAMANTHA, ou antes, do Fogo dirigido nas direções dos "Quatro
Pontos cardeais"?
WOTAN cravou a
"Espada do Conhecimento" na ensinha que se erguia, forte e soberba,
diante da casa de Sieglinda. Ninguém a pôde dali arrancar, a não ser
Sigmundo, num esforço supremo, pois logo morria, após o combate sustentado
contra Hunding. Despedaçada, foi ela cair aos seus pés.
Sieglinda recolhe os pedaços, mas
não a pode recompor o próprio MIMO (figura, por sua vez, de Mefistófeles,
outraiçoeira), e sim, Siegfrido, por desconhecer o medo e a ter forjado no Fogo
Superior ou Divino, onde só se pode forjar a Espada do Conhecimento, qual a
"Flamígera Espada" de Mikael, postado à entrada do Paraíso Terrenal,
até que a humanidade inteira se torne digna do Paraíso Celeste, pois outro não
é o verdadeiro sentido do símbolo.
Que, de sublimes
mistérios estão contidos nas Chaves ocultas da Mitologia!
Na grega, por exemplo, Vulcano, o
deus do Fogo, constrói para Apolo umas flechas que, ao serem disparadas pelo
deus, volvem à sua aljava, depois de haver acertado no alvo. À primeira vista,
o simbolismo parece uma infantilidade.
Não o é, porém,
porque APOLO representa o próprio SOL, como fonte de energia e de vida do
Sistema. Do Sol nos chegam a luz e o calor, como manifestações distintas da
vitalidade. Do Sol emanam as ondas eletromagnéticas que alimentam todo o
Sistema. São as flechas que lançam o Pai-Sol, a todos os âmbitos do sistema. É
o sangue arterial que flui por todos os lados, que tudo alimenta. É finalmente,
a emoção do seu próprio Coração. A essas flechas, sucede a mesma coisa que ao
sangue arterial, voltando ao coração, através das veias, a fim de se purificar
e seguir, alimentanto todo o organismo humano.
Do mesmo modo
que as águas do rio volvem, contaminadas, ao mar, onde se misturam com as
salsas ondas, para se evaporar e purificar, depois, no imenso alambique da
atmosfera, onde formam nuvens que se desfazem em chuvas, que apagam a sede
abrasadora dos campos, animais, e dos homens; assim, as ondas eletromagnéticas
de retorno à Usina que as gerou, se purificam no Fogo do coração do SOL. Não
são essas, pois, as apolíneas flechas, forjadas pelo
divino Fogo de Vulcano?
Em sentido mais
transcendente ainda: essas flechas, atiradas por Júpiter Olímpico ao seu irmão
Júpiter Plutônico (no seio dos infernos) - segundo o cabalístico termo
"Dæmon est Deus inversus", ou: o "Demônio é o inverso de
Deus"- são as próprias Mônadas saídas do Seio do Ishvara, ou o Ser
Supremo, o Sol Espiritual dirigente do sistema, cujas "mônadas",
depois de longa série de experiências, que tanto valem por inúmeras encarnações
na Terra, vão ter ao mesmo lugar donde vieram. Outro
não é o verdadeiro sentido da "Parábola do Filho Pródigo" que volta à
Casa Paterna, de tão má interpretação religiosa, embora fosse o próprio Santo
Agostinho quem lhe desse o verdadeiro sentido, conscientemente ou não,
quando diz:
"Viemos da Divindade e para Ela
havemos
de retornar".
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