A INTOLERÂNCIA
AULA DO
SAUDOSO GRÃO-TEMPLÁRIO SEBASTIÃO VIEIRA VIDAL ,NO RIO DE JANEIRO, EM 1954.
Do que dissemos sobre a
intolerância, que reputamos como vício extremamente ligado às características
humanas, e tão perturbador da ordem, devermos combatê-la em cada um de
nós com pertinência e firmeza. Deixemos agora de lado este aspecto do
comportamento humano, para passarmos a outros, também prejudiciais à harmonia
necessária entre todos os seres humanos. Se pesquisarmos com cuidado, veremos
que todos os defeitos que atacam o homem, quais moléstias contagiosas para as
quais os médicos ainda não acharam remédio, são derivados do egoísmo, do
instinto de sobrevivência, conservação e predomínio, que empolga todos os
seres. Ninguém deseja ceder a outrem aquilo que conseguiu, não importa se por
bons ou maus meios. Cada ser humano vê no outro um adversário pronto a derrubá-lo
na primeira oportunidade. Há uma perpétua desconfiança; e como defesa natural
nasce a hipocrisia. Se em todos houvesse maior dose de tolerância, se houvesse
uma compreensão perfeita a respeito dos erros humanos, da origem comum desses
erros, não haveria necessidade desses subterfúgios que são a mentira, a
deslealdade, a hipocrisia em suma. Já vos detivestes neste aspecto do
comportamento humano? Já reparastes como somos levados a julgar nossos
semelhantes com a maior severidade? Estamos sempre prontos a atirar a primeira
pedra, sem o menor constrangimento, embora na realidade todos nós, sem exceção,
possuamos telhados de vidro. Talvez estejais pensando que somos rigorosos
demais nessa asserção, por haver tanta gente que é tão boa, tão justa, que
pareça poder realmente atirar sem susto suas pedradas. Para nós, que recebemos
ensinamentos que unem nossas existências como contas de um colar, através das
épocas e da longa e ainda desconhecida história dos homens, isto é um fato
concreto. Em todos os seres há possibilidades boas ou más, uma em latência,
outras predominando. Não há, ainda, seres perfeitos, na humanidade comum; há seres
em evolução colhendo experiências de um estado novo, de uma forma ainda
desconhecida, que é de uma maneira geral a da matéria em suas várias etapas. Há
seres com maior número de tendências (“skandas”) boas ou más, dentro daquilo
que em dada época se possa chamar de bem ou mal.
Porque o problema do Bem e do
Mal é uma questão muito importante no quadro evolutivo da humanidade e do
Cosmos.
Que é bem e que é mal? São
perguntas que têm dado que pensar a muitos cérebros de escol, e que talvez não
tenham encontrado respostas satisfatórias.
Voltaremos aqui a repetir um
conselho dado Pelo nosso Supremo Senhor JHS, por reputarmos como do maior
interesse para a evolução a que vos propusestes: Sejamos rigorosos ao julgar
nossos próprios atos e pensamentos e sejamos benevolentes até o ponto de
anularmos ou prejudicarmos a linha de conduta que traçamos dentro do estado de
consciência a que já conseguimos chegar. Do degrau que logramos atingir nunca
volvamos nossos passos atrás. Se já conseguimos, realmente, distinguir o certo
do errado, ou se temos elementos para isso, então não transijamos pactuando com
o erro. Estaríamos dessa forma criando causas que dariam origem a consequências
funestas para nós próprios e para a humanidade em geral. No saber discernir é
que está a dificuldade e a verdadeira sabedoria. Isto não se aprende da noite
para o dia. Demanda muito esforço, bastante trabalho, tanto mais porque ao
começarmos a trilhar a vereda, erguer-se-ão as vozes de escárnio,
instigando-nos à desistência. Olhemos, pois, para dentro de nós mesmos, antes
de julgarmos os outros; mas se chegamos a poder julgar, façamo-lo com critério
e firmeza, com bom senso e verdadeira consciência, fechando os ouvidos às
palavras feias e abrindo-os à voz sensata de nosso Eu interior.
ALERTA, IRMÃOS ,PARA TRABALHARMOS PARA A LEI QUE É
JUSTA E PERFEITA E A TUDO E TODOS REGE, ATRAVÉS DO AMOR
! POIS !
A Sociedade Teosófica
Brasileira (atual Sociedade Brasileira de Eubiose) não surgiu no Brasil como um
fenômeno comum religioso, de que tão pródigo tem sido o nosso século. Como a
flor de lótus que, em cem anos, floresce apenas uma vez, ela é a pétala augusta
de um movimento cuja origem se confunde com as idades e para o qual os milênios
são partículas infinitesimais do tempo divino. Não veio trazer aos homens o
consolo da piedade, mas o consolo da Verdade e da Justiça. Surgiu como surgem,
ao longo da história humana, os movimentos destinados a libertar o espírito da
degradação, a alma das paixões e o corpo das enfermidades morais.
A Sociedade Teosófica
Brasileira é um elo da corrente da evolução, um anel da grande cadeia que,
partindo do Logos manifestado, a Ele voltará pelos caminhos da experiência,
subindo e descendo, palmilhando a espiral da travessia humana na face da terra.
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