Uma Só Moeda no Planeta
A Henrique José de Souza
Se o dinheiro – o cacau, a bufunfa, l’argent -, essa tal de mola mestra das
hodiernas sociedades, não compra uma pequenina e grandiosa coisa chamada...
PAZ, mas... é a causa e leitmotiv na
promoção das estultas e estapafúrdias
guerras (compra todo o aparato bélico, por exemplo, além das “consciências”
daqueles que decidem executá-las). Individual e coletivamente, submetemo-nos os
humanos – ou humanoides – aos seus desideratos.
Vivemos sob um sistema capitalista, é certo, e
tão cedo não haverá outro. Entretanto, se “desse a louca no mundo” – loucura
cura loucura - e, ao menos, criássemos um único padrão monetário para todos os
países do planeta, não já seria uma espécie de igualdade e até liberdade entre
os povos?
Se um pão que compramos numa padaria de aqui
tem os mesmos ingredientes e peso de outro adquirido numa panificadora nos USA,
por que um seria mais ou menos caro que o outro? O trigo, o sal ou açúcar, o
fermento, o gás ou a lenha do forno, teriam o mesmo custo, então... Somente
questões de cultivo, alterações climáticas, etc., poderiam fazer alguma
diferença, mas a princípio todos comeriam o mesmo pão e pagariam o mesmo preço.
O nosso padeiro receberia o mesmo salário pelo mesmo trabalho dos de alhures.
Qual a lógica que permite ao dólar dos ianques
valer mais que outras moedas internacionais, além de maior reserva de ouro? E
se valesse mais o dindim do país que tivesse o maior índice de biodiversidade
da Terra? Ou outro bem valoroso? Valores invertidos, não sabemos o que valemos,
“há quem nem valha o carro que tem do ano”. Somos novamente adoradores do
bezerro de ouro?
O que se chama de mundo está desabando e
fingimos não notar. Como dizem os espiritualistas, o fim do mundo começou faz
tempo; o 21 do 12 do 12 era só uma metáfora do que vai nas mentes e corações
dos seres humanos, inumanos, desanimados, animados pelas coisas externas...“
Por fora, bela viola; por dentro, pão bolorento...” O mundo está caindo e não
há água para todos nadarem no fundo do abismal precipício. É o início ou o fim
do fim?
Penso que os que denominamos homens de
responsabilidade estão mais preocupados em responsabilizar outros fatores para
eximir-se de sua irresponsabilidade, estreitabilidade de visão, falso falho
coração; ou com a responsabilidade de suas próprias contas e de sua turma,
fazendo e refazendo números, pra menos e pra mais, ao tempo que a plebe rude
clama mudamente por justiça e paz. É de menos ou demais?.
Afinal de contas, não se corta o mal pela
raiz; diplomacia rima com hipocrisia; nenhum presidente quer imitar o discurso
do mandatário uruguaio; tanto faz ser negro, branco, judeu, árabe, mulher,
homem, operário, banqueiro, homossexual, heterossexual; tudo é ser desumano; é
tudo igual... “...E a Terra segrega lágrimas e exsuda sangue...”.
Falta coragem. Não faltam mensagens. Falta o
estadista. Não falta artista. Falta história, memória, glória. Não estaria na
hora das máscaras caírem enquanto cai o pano e os tempos são chegados... ou
será que será deixar ao deus dará para um tempo depois quando não mais houver o
tempo?
Luis César de
Souza,
autor de
“Música Muda”
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