quarta-feira, 9 de outubro de 2013

PUS EMBALSAMADO



Pus Embalsamado



Se o sertão vai virar mar ou o mar vai virar sertão, não se sabe ao certo, há controvérsias. Fato é que o deletério continua à solta. O Deletério, delegado personagem do Nélson Rodrigues, aquele que permeia nossas mentes e corações, um ser ignóbil instalado dentro de nosso peito, um pus, uma ferida que nos faz menor que nós, nós de marinheiros, nós enroscados nas instituições feitas de gente, que nem nós. Nós embalsamados.

Nos mercados, nas praças, nas pressas, na prece, em casa. Em público disfarça-se um pouco, máscaras prontas, embalsamadas na alma. Haja calma. O dinheiro chamado de mola, desde antanho, depois da troca; de energias sustentáveis, auto-sustentáveis. O dinheiro é uma moeda antiga, que tal de troca de moeda? A troca, por exemplo.

Quanto vale o sorriso de uma criança? Um gesto de amor ao próximo mais próximo? A paciência, a tolerância, a sinceridade? Mensurável a compaixão? Comparável a bondade? Fingir-se de próspero? Fingir-se feliz? Ser? Não ser o quê? Inverter o irreversível, a gula dos poderosos, a pobreza dos pobres, a tirania oculta, o descaso?

LCS 

Nenhum comentário: