Gil, Arauto da Nova Era
V
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amos
fazer a louvação do que deve ser louvado, o que bem merece. Falam tanto de uma nova era, quase esquecem
do eterno é. Meados da década de 60, início dos anos 70s. O melhor lugar do mundo é aqui e agora.
LPs Refazenda e Refavela. E a Era de
Aquarius virou anúncio de TV, veja você.
O que
para Caetano é o Avatara esperado está na canção Um Índio; para Gil é Jeca Total; um
mais celeste, outro mais terreno, contrapontos. Cântico dos Cânticos.
Final
do bem e do mal. Neutralidade sempiterna. Mente abstrata. Intuição barata.
Sábio e guerreiro, lua e sol, prata e ouro, preto e branco, yin-yang, ser e não
ser. Rapaz, se oriente, eis a luz do
ocidente.
Alguém
que não precisava do poder entrou na política. Poderia, apenas, viver de sua
fama, sucesso, riqueza. Por que? Consciência.
Coragem.
Deixou um pouco seu ego de lado para doar-se, sacrificar-se no pedregoso campo
dos homens partidos. Gente estúpida,
gente hipócrita. Luta pelo dever. A fé vai aonde quer que eu vá.
Nas
escolas, universidades, deveríamos estar estudando o que estão dizendo estes
artistas, poetas, filósofos vivos, há décadas. Mas, que nada. O passado talvez
seja mais fácil, cômodo. O novo incomoda, é meio incompreensível e indigesto o
fino biscoito que (não) chega às massas. O ciclo de Piscis está aí, o velho Aeon,
carregando a cruz
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cartesiana
e consensual de Washington. Chegaremos lá, nas terras brasis, muito além desse
mar de lama. Superbacana, sim, tropical, igual à reconquista do paraíso. Now.
Santo
de casa não fazia milagres. Ficamos bebendo nas fontes do mundo inteiro, e
temos em nosso próprio terreiro uma riqueza cultural infinita, fruto da maior
miscigenação racial e cultural do planeta. Há gigantes desconhecidos quase que
por completo, tamanho o nosso desinteresse, desatenção, imediatismo...
Expresso 2222. Começou
a circular. Debaixo da Terra, de onde
vem o baião, de onde saem os discos-voadores, diria Walter Smeták, inventor
de instrumentos.
Bahia,
berço do Brasil, mãe das artes, das marias, das manhãs, mãe do samba. Prêmio
Grammy. Cavaleiro da Corte Universal do Cristo de Aquarius, aquele que falará por música. Brasil tem ouvido musical que não é normal. Deus é brasileiro. Ô
quá? Depois de dois mil e doze chegaremos ao Cristo concreto, de matéria ou qualquer coisa real.
Não
dá pra elucidar tudo num artigo de jornal. Um livro, que tal? O grande artista,
político, jornalista, ambientalista, luta para mostrar aos seus irmãos o valor
da preservação do planeta, das águas, do ar, das árvores, dos bichos, da
cidade, do ser humano humanista, da cultura. O poder temporal é temporário, o
espiritual é eterno, tudo isso vai passar, não é hora de cruzar os braços, mas
dar as mãos.
O
genial autor de Retiros Espirituais, A Linha e o Linho, Super Homem a
Canção, Queremos Saber, Metáfora,
Se Eu Quiser Falar com Deus, e tantas outras pérolas musicais, cai na
matéria para mostrar que somos todos um, a mesma raça Brasil que vai iluminar o
mundo
com
sua arte, beleza, sua riqueza cultural, humana, física, geográfica,
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histórica.
Já já. Pela intranet, por onde essa
estrada do tempo vai dar.
Evoé,
Gilberto Passos Gil Moreira. Apenas um ser humano integral, com macrobiótica ou
não. Acordes de acordar, versos pra pensar, pra despertar a nossa glândula
pineal. Chega de erudição. Quando será que a educação vai dar as mãos à
cultura, à arte, à ecologia, à cidadania?
Anunciador
de novos tempos. Desmistifica o que fica parado, ou no passado, pois o eterno
deus um Mu Dança. Absurdos
permanecem, mas continuar a cantar, a dançar, a falar, a escrevinhar que tudo
isso deve acabar. Jah. Ou será que óbvio é igual a óvni? Recompor a ordem do
universo, arvorescer.
Um
dos expoentes-ponta de lança do movimento mais que nacionalista tropicalista.
Já sabem os estudantes o que foi o parnasianismo, o simbolismo, o realismo, o
modernismo e até o concretismo. E o tropicalismo? E os Doces Bárbaros? O que
será que poderemos estar vivendo agora, o instantaneísmo? Holismo? Ondazulismo?
Deixe a meta do poeta, não discuta; deixe a sua lata fora da
disputa.
Peixe no aquário nada. Régua e compasso, noves
fora, zero. Até que nem tanto esotérico
assim. A raça humana é uma semana do
trabalho de Deus.
Há
vales por onde jorrarão o leite e o mel. O
amor da gente é como um grão, uma semente de coração. Axé!
Luis César de Souza, in "Música Muda"
(Publicado, originalmente, no Jornal A União, João Pessoa-PB, em
17-11-99, ilustrado com foto de Gil no palco. Por displicência do autor, foi
também publicado no jornal Correio da Paraíba, à mesma época).
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