A Volta dos que não Foram
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onta-se em longínquas plagas, à boca
miúda, que a reencarnação daquele que recebeu o mero título de “O Paraibano do
Século”, o escatológico poeta Augusto dos Anjos, de quem o original marginal
cantor e compositor Chico Viola compôs 16 músicas retiradas do seu único em
vida publicado livro, “Eu”, foi
inexplicavelmente banido da mágica filipéica urbis pessoense, durante a gestão governamental dos excelentíssimos
senhores do tucanato estadual, lá pelos anos primevos do vintium.
Motivo: não sabia que todo o estado da
Parahyba era considerado de proteção ambiental, desde Tambaba (lenda indígena)
ao sítio arqueológico da Pedra do Ingá. Não passou no teste, crivo crítico dos
que não sabem criticar construtivamente.
Foi considerado persona non grata também
pelo fato de não saber encantar com seus versos (ainda que continuasse um bardo
de mão cheia, mesmo que desconhecido) a primeiríssima dama de um juiz federal
que sonhara ser deputado em Rondônia.
Seu ex-filho, destinado a ser um grande
guardião, foi em outras épocas um centurião das hostes gregas e teve agora
participação no episódio, perdoado como só os deuses sabem amar e perdoar a sua
humanidade, carente de amor, sabedoria, justiça e paz. “O mal é bom e o bem cruel”. Vá entender o que ele me falou. O mal
ensina, o bem também, uma oitava acima. “Tudo
demorando em ser tão ruim”. O sertão sem tao. Compreenda-se.
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O degredo em segredo deu-se, todavia, em
função de sua não
aderência à politicagem, sendo
veladamente ameaçado, o que veio a
descobrir através de fontes
extra-físicas, paralém d’alma. Sem calma,
correu sedento e pediu auxílio às nuvens
do amanhecer do céu para escapulir de um escalpo qualquer. É brincadeira.
Cometeu outro grande pecadilho:
solteirissimamente, a rédea solta, cachorro grande, selvagem, conseguiu
engravidar - à mesma época - quatro privilegiadas donzelas, as quais, malheuresement (falta acento aí), não
assim se o consideraram, desconhecedoras da realeza nobiliárquica do
brasileiríssimo vate reencarnado.
Pregava pelas ruas a moeda única para o
planeta (este em constante destruição e construção, mais destruição que
construção, até construção é destruição). Não apedrejaram-no, mas quando
recitara num shopping-center (templo
das novas gerações – “jovens, envelheçam!”) o poeminha abaixo que não é seu,
mas do professor Raimundo Cerqueira, cachoeirense de primeira, escrito na
língua do futuro, foi “convidado” pelo segurança a retirar-se do símbolo-mor do
capitalismo hodierno, o grandioso estabelecimento comercial:
A Terra
teve seu
parto normal
Nós é
que abortamos tudo
ou quase
tudo
...E os
coniventes
enterram
seus fetos...
Seu próximo livro denominar-se-á, segundo
disse a um grande amigo oculto, “D’Eus”.
LUIS CÉSAR DE SOUZA,
in "Música Muda"
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